Avant Garde – Iris van Herpen



Em seu site é apresentada como uma estilista que “representa uma harmonia entre artesanato e inovação em tecnologia e materiais.”

Iris van Herpen se formou na prestigiosa ARTEZ – Institute of Arts, em 2006, e no ano seguinte já começou sua própria marca. Nascida em 1984 em Wamel, Holanda, já obteve seis prêmios, vinte exposições, e colaborações, dentre as quais o vestido da capa de Björk, em Biophilia. De Amsterdam a França, Iris fora convidada a participar da última edição da conceituada e faustosa Semana de Alta-Costura Parisiense. Sua moda cultiva e conversa com outros grandes mestres das formas, do imaginário, de uma produção próxima às artes plásticas, como Hussein Chalayan, Martin Margiela, Viktor & Rolf e Alexander McQueen, de quem foi estagiária em Londres.



Biophilia.


A jovem designer holandesa, de criatividade e habilidade incontestáveis, apresenta um futurismo que mistura o orgânico com o tecnológico, de impressões fortes e modo único. Sua coleção outonal de 09, Mummification, traduzia o conceito de mumificação em uma técnica de torção de fios de ouro, bronze e couro. Formas esféricas criavam uma tela abstrata; a própria ideia de vida após a morte, cultivada pelos egípcios. Em Escapism S/S 11 continuava o projeto colaborativo de Herpen com o arquiteto londrino Daniel Widrig, iniciado em Crystallization, desfilado em 2010 na Semana de Amsterdam, a primeira coleção a conter uma estampa em 3D. Explorava-se a dependência do homem de escapar – o deslocamento da realidade através dos vícios da era digital. Na Paris Couture Fashion Week, a estilista apresentou Capriole F/W 11, ou um caos ordenado: silhuetas expansivas, exageradas, porém estruturais, mecânicas.


Escapism.


Se há pouco discutíamos sobre moda e arte, suas conseqüências e valorização em demasia no post anterior, eis que encontramos uma moda genuína, com ares de arte. A mídia anseia vorazmente para coroar Iris van Herpen como a sucessora de Alexander McQueen. Sim, é inevitável não olhar para as criações de Herpen e não se lembrar de McQueen. Todavia, Iris van Herpen não precisa de um “caminho mais autoral”, como citaram alguns sites. Não vejo maneira mais autoral e própria. Há influências? Sempre haverá. Mas é pensado. Analisado. Crítico e autocrítico. É Iris van Herpen e nada mais.


Mummification.


Em entrevista a Peter Bas Mensink, para o site Viceland é questionada:

É moda o que você faz? Não é mais arte?

Sim, eu não sei se você pode chamá-lo de moda. Você está certo quando diz que minhas criações anteriores se aproximam de arte do que moda. Então, basicamente eu sou uma artista.


Capriole.


Digo que é moda. Uma moda legitimamente inventiva, fantástica, sublime. Um conto de fadas gótico, à la Iris van Herpen: moda como arte. Onde “Normal rules don’t apply…” como bem diz seu manifesto no site.

RAFAEL BACAROLO
rafaelbacarolo@brrun.com

Fotos: Divulgação