Panic – Caravan Palace

O Caravan Palace voltou. Depois de quatro anos do lançamento do seu primeiro álbum homônimo, a banda lança neste mês, Panic. Entre o tirilintar das taças e passos de um sapateado contemporâneo, o regresso se faz mais eletrônico, mais ácido e ainda mais boêmio.

Caravan Palace


Os fãs de Caravan Palace podem comemorar. O acid-jazz não está perdido, tampouco a genialidade musical e eletrônica do grupo de Paris. De todas as notícias de lançamentos do primeiro semestre desse ano, o único que não se ouvia nem sussurro era que o CP lançaria álbum novo. Pois lançou. E o resultado é melhor ainda que o (in)esperado.

O disco inicia em Queens. Logo de cara já dá para ver, pouca coisa mudou. Ainda bem. O tom cigano embala a canção embriagada. Os vocais de Sonia Velasco (ou Zoé Colotis) se arrastam na melodia, dando esse tom whisky às sensações. Em seguida, Maniac mostra o equilíbrio entre as diversas vertentes do jazz exploradas pela banda. A gravação parece ter sido feita nos anos 30, não fosse a batida eletrônica, forte e ao mesmo tempo suave. The Dirty Side of The Street – uma brincadeira com The Dark Side of The Moon, do Pink Floyd – vem no mesmo embalo, com o eletrônico bem acentuado. Os efeitos estão em tudo, inclusive nos vocais. Como Clash e Dramophone. Sucesso imediato em qualquer pista moderne!


12 juin 3049 faz mais a linha blasé do CP. Cigarros, mentiras, um jazz meio-amargo… cheio de drama. A canção é linda. Já tínhamos visto no primeiro álbum canções dramáticas como esta e em Panic vemos ainda mais complexas e trabalhadas. Assim como, Glory Of Nelly.

 

Caravan Palace


Rock It for Me, o single de Panic é mesmo a melhor forma de resumir esta nova fase Caravan Palace. Pois, se até agora parecia mais (e melhor) do mesmo, é a partir daí que a vimos o progresso que o pânico causa. E então surge, Cotton Heads e a maturidade até mesmo do quesito eletrônico da coisa. Longe de mim apontar o dedo para algumas eletro-obviedades recorrentes nas canções do CP, mas deste pedaço do disco para o fim, dá-se o auge. O inédito. O embasado. O complexo. O matemático. O meu ideal (particular) de música eletrônica.

Destaque absoluto para a canção que intitula o álbum, Panic. Seguida de Pirates, igualmente obra prima. A intro é demais. O lado cigano fica visível novamente e os vocais em uníssono…abrindo espaço para Zoe brilhar. E como brilha.


A canção final é Sydney. Em minha opinião a mais encantadora do álbum. Os vocais estão calmos, os instrumentos brandos… há pânico maior? O tom sóbrio e até sombrio, fecha o disco com clave de ouro. Deixando assim, o gostinho de aquietar os pensamentos com o mexer dos quadris, em uma dança levemente entorpecida e extremamente satisfatória.

MARINA RIMA
marinarima@brrun.com

Fotos: Divulgação