Charles Cosac (a.k.a
Cosac Naify) e Glória Kalil percorreram a trajetória de
Diana Vreeland, a partir de fragmentos extraídos do livro
Glamour, em uma conversa descontraída para dissecar o significado da noção de estilo.
Kalil afirma que hoje as pessoas têm a oportunidade de se vestir para mostrar sua própria personalidade, mas não foi sempre assim. Antes da década de 50 a moda era extremamente ditatorial. Nessa época, estar na moda significava fazer parte de uma classe social. Já nos anos 60 a contra cultura emerge em um contexto de inquietação social como uma forma de contestação política e reivindicação por um mundo em paz, separando os “descolados” dos “caretas”. E a partir dos anos 90, com o avanço da globalização a moda se pulveriza passando então a indicar primeiro a tribo da qual a pessoa faz parte e depois sua própria personalidade; chegando aos dias de hoje como um marcador de indivíduos.
“Moda é oferta, estilo é escolha”, resume Glória. “A moda cumpre o dever de oferecer uma variedade de opções, mas cada um escolhe aquilo que melhor adapta-se a sua personalidade e corpo. O estilo mostra como a pessoa quer ser vista; é uma construção dela por ela mesma”.
“Dentro dessa ideia, o livro sobre Diana Vreeland é uma lição de estilo”, aponta Charles. O responsável pela edição de Glamour no Brasil enfatizou a personalidade excêntrica de Diana e apresentou-a como uma mulher que soube construir seu próprio estilo. “Diana era uma mulher feia, inserida em um meio no qual ser bonito é essencial e a partir de uma personalidade excêntrica se fez interessante”.
Glória Kalil e Charles Cosac entendem Diana como uma mulher interessada pela vida, que enxergava o extraordinário das coisas e sabia oferecer essa visão às pessoas. “Acho que fiquei cega por ver tanta coisa bonita”, foi o que Diana concluiu no fim da vida, ao deparar-se com a perda da visão. O livro de capa vermelha, cor preferida de Diana, além de compilar imagens sobre tudo que a instigava promete ser um resumo do estilo dessa pessoa que conseguiu construir-se de forma extraordinária a partir de sua paixão pelas coisas da vida.
Maria Prata entrevista Phillip Lim
Aos seis anos de idade,
Lim já customizava as roupas que a sua mãe comprava, mas o real interesse pelo design de moda aconteceu enquanto ele cursava o último ano de Economia, ao cair de pára-quedas em um estágio obrigatório como assistente de compra de tecidos, onde seu desempenho era melhor comprando Starbucks para o staff.
Lançando sua marca oficialmente – em semanas de moda – no inverno de 2006, as raízes orientais de Phillip aparecem de maneira sutil em seu trabalho, como na precisão dos acabamentos manuais e valores que aprendeu com a mãe. Sua última coleção foi inspirada em pipas com uma cartela aquarelada e cheia de transparências na seda.
3.1 Phillip Lim S/S 12
Para Lim, ser um jovem designer nos Estados Unidos tem suas facilidades já que o peso cultural e histórico é bem diferente da Europa, mas lamenta o imediatismo das Américas na busca de estilistas instantâneos em detrimento de um processo evolutivo de uma carreira.
Lim acha lamentável a importância exagerada que a audiência de seus desfiles dá à roupa, objetificando-a e não compreendendo ali uma história. Para tanto montou uma produtora de filmes de moda para que essa mensagem chegue da maneira que espera aos seus clientes.
3.1 Phillip Lim S/S 12O lema de sua marca homônima batizada com um 3.1 – por conta de sua idade quando a fundou –, é fazer roupas para o dia-a-dia onde a mágica está nas sensações e toques que os tecidos causam em atrito com o corpo. Ver as coisas por um prisma positivista dando um toque de romance à realidade, sempre com a ressalva de um “por que não?” antes de qualquer desistência, também estão entre as premissas dele e de sua equipe de trabalho. Lim acha o máximo vir a eventos como o
Pense Moda porque parecem férias, onde há troca de experiências e impressões que só enriquecem.
3.1 Phillip Lim S/S 12Lim ainda respondeu a duas perguntas para o
BRRUN.COM. Primeiro quem eram suas musas, onde a mãe ganha o primeiro lugar, mas acrescentou que não existem pessoas ideais, já que têm uma outra série de musos e musas, de onde se inspira tirando o melhor de cada um.
E sobre o boom de modelos orientais Lim conclui que além de um posicionamento de mercado frente ao poder de compra emergente da Ásia, inspirar a diversidade e experimentar todas as cores é um exercício que deve ser feito.
Texto: Felipe Hickiman, Ligia Cristaldi e Paulo Raic
Edição: Bruno Capasso
Fotos: Ligia Cristaldi © Copyright 2011 – BRRUN.COM
08 /out /2011