A exatamente um mês do início da 27ª edição do Hyères International Fashion + Photography Festival começaram a ser divulgadas as entrevistas realizadas com os membros do júri do festival. O BRRUN naturalmente marcou presença ao lado outros importantes veículos de comunicação e sites de todo o mundo.
Marc Ascoli by Rene Habermacher
O primeiro a participar da sabatina de perguntas foi Marc Ascoli que por muitos anos foi o diretor criativo de Yohji Yamamoto, Jil Sander e Martine Sitbon, além de colaborador da Calvin Klein, Hugo Boss, Ungaro e Sergio Rossi.
Acompanhe abaixo com exclusividade as principais perguntas feitas a Ascoli.
BRRUN.COM – A Moda possui um papel político além de estético e funcional? E de que maneira?
MARC ASCOLI – A Moda acontece em um universo diferente. É um universo no qual você está trazendo algo mais à realidade, onde há pouco interesse pela política, porque é tudo criação e indivíduos. Você pode ver que hoje há uma enorme lacuna entre a moda e a realidade política de nossos tempos. A Moda sai de moda; a moda é irracional e por isso não pode ser política.
Marc Ascoli and Craig McDean for Jil Sander
– Qual é o papel de um stylist na criação de uma imagem de moda? Como foi a evolução desse papel para o de diretor artístico/criativo?
M.A. – Existe atualmente um monte de confusão entre os stylists e diretores artísticos, mas acredito que os dois têm papéis muito diferentes. O diretor artístico funciona na imagem a longo prazo da marca, o seu DNA e seu impacto visual, enquanto o stylist reflete a imagem flutuante da marca pelo estilo das roupas, se é para campanhas publicitárias ou a desfiles de moda.
Marc Ascoli and Craig McDean for Jil Sander
– O que faz um jovem estilista ser interessante aos seus olhos?
M.A. – Sua sensibilidade antes de mais nada, que ele(a) tenha algo a dizer. Mas também o seu grau de criatividade, a capacidade de mostrar que ele(a) não se encaixa no molde ou segue modelos estabelecidos. O jovem estilista, para ser interessante precisa refletir sua época e falar sobre os tempos.
Marc Ascoli and David Sims for Yohji Yamamoto
– Uma vez que você começa a trabalhar com uma marca, qual é o seu grau de envolvimento e de aconselhamento?
M.A. – Isso realmente depende da intensidade do relacionamento que eu compartilhar com a pessoa. Hoje a dificuldade é saber em que direção uma marca quer ir, como expressar sua singularidade.
Marc Ascoli and David Sims for Yohji Yamamoto
– Hoje, parece essencial para um estilista ser uma pessoa pública. Como isso o afeta?
M.A. – A situação atual é ambígua. Designers são personas, eles incorporam e difundem a imagem da marca. Tendo em conta os investimentos feitos pelas casas de moda em termos de publicidade, os estilistas se tornaram verdadeiros porta-bandeiras. Mas é aí que o erro está muitas vezes, contratar pessoas talentosas em relações públicas, mas muito menos em termos de estilo.
Hoje há um “bottom line” na moda, as pessoas tendem a olhar para as coisas comercialmente.
Será que o burburinho em cima de uma personalidade desprende uma qualidade igual a da oferta? A questão hoje é primordial. [No caso de] Sarah Burton para McQueen, não vemos uma personalidade extravagante, mas todo mundo é fascinado por seu trabalho.
Mesmo que seja um momento de crise, tudo é sobre a competitividade. Considerando o número de coleções (masculinas, femininas, pré-coleções), trata-se de se destacar através da qualidade não só da personalidade.
Marc Ascoli and Nick Knight for Martine Sitbon
– Quando e de que forma, um criador, artista, cantor precisa trabalhar, ter contato com arte ou com um diretor criativo?
M.A. – Um artista precisa sempre de um alter ego com quem possa trocar idéias, para ajudar a escrever a sua história. Não é apenas uma questão de posicionamento. O diretor artístico tem que ser sensível o suficiente para entender o universo do artista e, em seguida, catalisar isso, estabelecer uma imagem visual e, eventualmente, comercial.
Marc Ascoli and David Sims for Calvin Klein
– Qual é a última coisa que o estimulou?
M.A. – Sendo uma pessoa muito curiosa, estou constantemente estimulando minha criatividade através de várias atividades culturais. A exposição de Madame Grès comissariada por Olivier Saillard no Musée Bourdelle realmente me seduziu. Tudo estava no seu lugar, a localização, as roupas, o espírito. Eu também fiquei muito estimulado pelo desfile mais recente da Comme des Garçons. Eu pensei que era majestoso.
Marc Ascoli and David Sims for Calvin Klein
Majestosa será certamente esta edição de Hyères International Fashion + Photography Festival que você poderá continuar acompanhando com exclusividade no Brasil no BRRUN.COM.
Au revoir.
TEAM BRRUN
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Fotos: Nick Knight, David Sims, Craig McDean and Rene Habermacher © Copyright