John Currin

Os trabalhos de John Currin (1962) são feitos a partir de um conjunto de influências, como por exemplo, a técnica tradicional (a mesma do Renascimento em suas pinturas à óleo), propagandas de revistas femininas da década de 1950 e crítica política e sexual.

A sátira é muitas vezes presente em seus desenhos e telas, através de figuras humanas distorcidas e exageradas, que participam de situações engraçadas. É quase que uma piada contada através de imagens, porém, sempre com um fundo crítico.


Nos retratos, Currin caricaturiza seus modelos, que freqüentemente recebem características faciais do próprio pintor.

É como se ele ridicularizasse o fato das pessoas acharem natural posar para um retrato ou terem que sorrir para sair “bem” em uma foto, uma vez que o natural de todo ser humano, é automaticamente posar e agir artificialmente quando observado por alguém, ou quando na frente de câmeras.

Há também um olhar crítico sobre reuniões sociais e em família. As poses e risos forçados revelam como tudo parece estar bem, porém, no fundo estão todos com um ar de desespero. Como se aquele momento, que supostamente era para ser feliz, fosse um verdadeiro desastre.

Mais uma vez, a pose. Os personagens de Currin são um reflexo do que acontece no dia a dia: encontros falsos e conversas clichês, onde ninguém realmente procura saber do outro. As poses são automáticas, assim como os sorrisos, como se no fundo, cada um só quisesse saber de si próprio e de se afirmar para outras pessoas.

Na pintura acima, os seios exageradamente grandes das mulheres são uma sátira ao desejo sexual dos homens heterossexuais.

GIULIA BIANCHI
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Fotos: Divulgação