Mostra Hitchcock

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Depois de passar pelo Rio de Janeiro chega nesta quarta, 15 de junho, a São Paulo a Mostra Hitchcock. Para os fashionistas ocupados esta semana com o SPFW não há com o que se preocupar, pois a mostra irá até 24 de julho no Centro Cultural Branco do Brasil e depois de 8 a 17 de julho migrará para o CINESESC São Paulo.

O evento nada mais é do que a maior retrospectiva de Alfred Hitchcock já realizada no país na qual serão exibidos 59 filmes, sendo 54 longas-metragens, 5 curtas e 127 episódios de uma série feita para a TV entre as décadas de 50 e 60.

Reverenciado como autor pelos críticos e cineastas francesas da Nouvelle Vague, tendo inclusive um ótimo livro de entrevistas feitas por François Truffaut dedicado a ele, Hitchcock vai muito mais além do rótulo de ‘mestre do suspense’, até porque para as platéias contemporâneas este termo poderia soar um tanto anacrônico na medida em que esse gênero sofreu transformações ao longo do tempo. É na precisão dos planos, em uma narrativa sempre detalhada e bem construída, na ironia fria de seus personagens e desenvolvimentos dramáticos que ele ao longo dos anos conseguiu firmar uma marca expressiva de estilo. Mais do que propriamente um suspense, Hitchcock foi capaz de conseguir criar em seus filmes uma atmosfera da tensão, trazendo ao espectador a incômoda sensação da antecipação do evento. O mistério, o perigo e a incerteza sempre estiveram mais próximos do que julgamos imaginar, fazendo parte do nosso cotidiano, das festas e círculos de amigos ou mesmo da vizinhança mais pacata.

Sua influência é múltipla a diversos realizadores, indo do próprio Truffaut na realização explicitamente hitchcockiana ‘A Noiva Estava de Preto’ (La Mariée Était en Noir) à manifestações mais difusas nas obras de Brain de Palma e Dario Argento, apesar de eu particularmente discordar desta aproximação com o diretor de ‘Suspiria’ e ‘Profondo Rosso’, muito mais barroco e operístico. Imageticamente é inegável as belas referências a Hitchcock em filmes como ‘A Single Man’, de Tom Ford, principalmente no que se refere às personagens femininas que o protagonista encontra ao longo do seu dia e também a uma específica cena de ‘Io Sono L´Amore, de Luca Guadagnino, quando a personagem de Tilda Swinton em uma viagem a Sanremo possui um coque similar ao que Kim Novak usa em ‘Um Corpo que Cai’(Vertigo).

Falando em grandes sucessos todos eles estarão presentes como ‘Janela Indiscreta’ (Rear Window), ‘Intriga Internacional’ (North by Northwest) e claro ‘Psicose’ (Psycho), mas ainda a chance de ver outros menos conhecidos e muitos deles considerados raros como um trecho de nove minutos de ‘Sempre Conte a Sua Esposa’, única parte conservada de um curta-metragem que Hitchcock dirigiu em 1923.

O curador Arndt Roskens que já realizara uma admirável mostra a respeito de Yasujiro Ozu levou quase um ano para conseguir reunir todas as cópias que estarão presentes na mostra, vindas de cinematecas e museus de diversas partes do mundo.

Serviço

Mostra Hitchcock

Centro Cultural Banco do Brasil, Rua Álvares Penteado, 112. São Paulo.

Tel.: 0xx11 3113 3651.

De 14/06 a 24/07.

Entrada a R$ 4,00.

Programação no site.

By Matheus Marco.
matheusmarco@brrun.com

[Pics: ©advertisement.]