Paris Verão 2013

Christian Dior Spring 2013 by Raf Simons

Christian Dior Spring 2013 by Raf Simons

Termina mais uma temporada em Paris. Tristeza é o sentimento que mais me acompanhou durante toda a temporada. Depois de muito mistério e expectativa, Hedi Slimane, desfila a sua mulher desejável, porém, sem nenhum refresh (o que eu esperava!) para a Saint Laurent (mudança no logo e na escrita para a RTW, que o próprio Slimane nomeou). Slimane parou no tempo, parou exatamente há cinco anos, na época em que esteve na Dior Homme (2000 – 2007), e foi isto que vimos na passarela: uma Maison 70’s amoldada.

Tristeza deixada de lado, reafirmo, o meu grande respeito por Alber Elbaz, que há dez anos a frente da Lanvin, vem construindo uma mulher magnífica. Elbaz conhece como nenhum outro, o corpo e o desejo de uma mulher, e a cada look desfilado vemos essa mulher suntuosa! Num outro momento feliz, o crash de padronagens e estampas de Dries Van Noten ganha outro ar, brincando com o masculino e feminino, desta vez deixando a estampa digital de lado. Se no verão de 2012 Dries usou em seus prints as lindas imagens de James Reeve, aqui quem manda é o artesanato… Tudo handmade e fabuloso!

Outro gênio, a frente da Balenciaga desde 1997, Nicolas Ghesquière, que sempre mergulhou profundamente na história da Maison traduzindo para nós o novo, mais uma vez não decepciona. Com um estudo apurado, Ghesquière de forma extraordinária nos mostrou o seu opulento estudo e apresentou mais uma coleção única! A mulher de Ghesquière vem forte, sedutora, às vezes “masculina”, passeia pelo neoprene, tweed laminado, borracha de algodão… Em março, a moda completou quarenta anos sem Cristóbal Balenciaga, e Ghesquière continuou fiel ao fundador da casa.

Outro momento aguardado: Raf Simons para a Dior. Nesses tempos de transformações no mundo, e o desejo de pensar uma nova ideia de pensar, Simons continua provando que tudo isto é possível, e levou para a passarela uma mulher Dior minimalista, liberta, sensual, sem esquecer as suas origens… Fancy is the old rule! Partindo do mesmo ponto, Phoebe Philo desfila uma nova Céline, cheia de inovações e sem qualquer grande esforço para isto: a mulher proposta por Philo é easy-chic!

Tivemos outros bons momentos que vale destacar: Rick Owens e a sua excelente competência de sempre executar seus conceitos com maestria, Manish Arora e seu grafismo, Riccardo Tisci e a sua freira Givenchy capaz de seduzir qualquer cristão, a feminilidade da Chloé por Clare Waight-Keller, a mulher elegante que Miuccia instituiu para a Miu Miu, a linda história da abelha rainha Sarah Burton na Alexander McQueen, o inacreditável Christophe Lemaire e o esporte minimalista de Felipe Oliviera Baptista.

Eu ainda continuo desejando uma reinvenção na moda – palavra de ordem –, com uma pitada gallianística longe de qualquer vanity fair e impérios como Louis Vuitton. Impossível? Raf Simons nos provou o contrário!

Bruno Capasso
Editor in Chief
brunocapasso@brrun.com