No segundo dia de Fashion Rio Spring 2013, o grande destaque foi o desfile – rico – de Melk Z-Da.
Quem tem medo do inusitado?
No passado: a urgência dos criadores de moda em criar uma imagem única de feminilidade, que delimitasse “quem era e quem não era” sofisticado (experiência de classes); no imaginário coletivo da geração utópica e sonhadora 60´s e 70´s a contracultura da moda e a revolução; na sequência o feminino e o masculino, o minimalismo e a recente volta de uma possibilidade maxi, não invocaram com tanta necessidade estética e de recurso, como a que assistimos a alguns anos na moda: o uso de materiais inusitados, tecnológicos e subversivos em sua equação. Parece uma fuga limitada. Diria, até certo ponto, um modismo na moda, mas não se trata disto. Trata-se de um escapismo em um período em que as tendências não fazem mais sentido, já que as informações são liquidas e fluidas. O duelo e o exercício criativo fogem apenas do trabalho apurado de modelagem (isso é o mínimo para uma boa roupa), da cartela de cores que nos inspire e de uma coerência discursiva-imagética. Talvez, chegamos ao momento em que estes pilares se conjuguem com a necessidade de uma ampla pesquisa no campo dos materiais. É isto que aponta a coleção de Verão 2013 da Melk Z-Da.
Intitulada de “O orquidário de Melk Z-Da” é uma ode aos jardins bucólicos imaginários. Não, não se trata de flores evidentes e pássaros cantantes nas estampas. A poesia é outra. É o jardim da forma, do cuidado (palavra cultura, aliás, vem daí), do mínimo, do bordado que se faz com paciência, das misturas inusitadas. É o jardim da nossa imaginação, do presente-futuro.
Organza de seda, linho metálico, cetim de seda, crepe georgette, algodão natural e novos materiais como transfer metálico, recortes a laser em impressão 3D e linhas espaciais de seda furta-cor criam um aspecto cool com a cartela composta de Laranja, branco, magenta, púrpura e berinjela. As bolsas já nascem must have, assim como o primeiro look.
Quem ousaria supor que na indústria voraz e elouquente da moda, assistiríamos – não só com Melk Z-Da – um possível retorno de esculturas da beleza? Não estáticas desta vez, se movimentam. São fluidas, liquidas e transparentes: libertas.
Editor in Chief: Bruno Capasso
Text: Brunno Almeida Maia
Ilustration: Leandro Dário
Pic: Beto Urrick
Art Direction: Tiago Gomes
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