São raras as vezes que um disco fica bem melhor do meio para o fim. Mas, acontece. Nos melhores discos e nos medianos. O Young Knives não tem a sorte de estar na lista dos melhores discos do ano, mas se encaixa perfeitamente nesta exceção.
A oscilação do disco é evidente, logo em seu início. Entre picos de contemplação e sobrancelhas cerradas de indignação, Ornaments From the Silver Arcade nos lembra o “Hurley” do Weezer. Uma boa banda, um bom disco e muita influência do pop.
A Inglaterra é o palco de diversas bandas indie rock. A descrição na página do Facebook do YK é cheia de lirismo, assim como eles explicam o título do disco. Algumas faixas ornamentam mesmo uns momentos, dando graça e poesia. Outras são um pouco mais sombrias, como a primeira faixa Love My Name. O synth dá aquele tom oitentista e a guitarra desenha o pós-punk que influência a banda.
Seguindo no mesmo tom, Woman, vem acoplado a um backing vocal, que dependendo do seu bom senso e bom gosto, vai achar meio cafona. A melodia é ótima. Aliás, Ornaments é cheio de boas melodias.
Everything Falls into The Place é uma preparação para a ótima Human Again e Running from a Standing Start é uma preparação para Sister Frideswide.
As que antecedem são ornamentos da pintura principal. Human Again é enérgica e tem os riffs de guitarra mais legais do cd. Já Sister Frideswide é mais obscura, mas com um refrãozinho pop. Os vocais conduzem a beleza do som e no final, você se vê, de certa forma, satisfeito.
Vision in Rags tem o instrumental mais f*dido. Animadinha, garante uns leves deslocamentos de pés e olhinhos fundos de alegria. A música é pura luz. Ouça e veja só o clipe oficial:
E mais profunda um pouco, vemos Go to Ground. O vocal vem singular, na voz de Henry Dartnall, mais limpinho e tranqüilo. É um ponto alto do disco. E Silver Tongue chega para sacudir, em uma melodia que me lembra o Whitest Boy Alive, só que com mais vontade. O fim está próximo, logo agora, na melhor parte.
>>http://grooveshark.com/artist/Young+Knives/1197538
E Storm Clouds vem trazer a insanidade que faltava. Justíssimo. Lindíssimo. Perfeito.
Glasshouse vem em uma intro da boa e fica bonitinha no maior pá-pá-pá., finalizando o disco com um tom bem diferente do começo. Efeitos eletrônicos cheios de bom senso, vocais cheios de bom gosto e com toda a certeza que é o fim também é bom. E é muito bem vindo.
MARINA RIMA
marinarima@brrun.com
Fotos: Divulgação