Enfim, a primavera. Tempo de sentir a delicadeza em um tom de contemplação alegre e sincera. Tempo bom para Omega La La.
Confesso que simpatizo mesmo com a “Yes Wave”. Assim como me apetece o experimentalismo, efeitos eletrônicos, metais, indie rock e afrobeat. Neste sentido, é fácil imaginar o quanto o lançamento de Omega La La do Rubblebucket me agradou.
Idealizado pelo casal Alex Touth (trompete) e Kalmia Traver (saxofone/vocais) enquanto cursavam música em Vermont e tocavam na banda de funk John Brown’s Body, o Rubblebucket surgiu em um festival de arte, quando Craig Myers (multi-intrumentalista/percussionista) se juntou ao casal. Depois disso, somaram-se mais cinco membros, passaram-se dois anos e lançaram-se EP’s e um LP. Conhecidos pela bem sucedida ‘Michelle’ dos Beatles – o que os posicionou entre os 50 melhores covers dos Beatles pela revista Paste Magazine – e pelo primeiro LP Roses Dream (2008), a banda foi conquistando aos poucos seu lugar na mídia, sem muita pretensão e fazendo música com interesse maior: “traveling, eating good food, hiking, rhythmic lock, exotic beats and colors”. Como relatam no facebook da banda.
Já em Omega La La, vemos o supra-sumo do som do Rubble(…) destacando-se a liberdade criativa, a mescla de gêneros musicais trazendo personalidade ao som, o aspecto ‘orquestra’ – que as big bands têm -, a genialidade dos vocais, os efeitos eletrônicos e a produção e a masterização de dois f*didos da música. Não sei como poderia ser melhor. Positivo, né? É para fazer sentido.
O disco se divide em: pontos altíssimos, pontos altos e pontos pirados. Os altíssimos são as canções cheias de groove, como Came Out of a Lady:
E “Silly Fathers” – destacando-se a graça dos vocais
Também na série dos “altíssimos” L’Homme – psicodelia intensa contrastando com o vocal cheio de brandura:
Nos pontos altos, se encaixam as tranquilas Pile of Rage, Raining, Breatherz (Young As Clouds) e Triangular Daisies. Vocais suaves, teclados esbanjando maciez, melancolia nos metais e luz por toda parte.
Destaco para os pontos pirados, as canções que o synth faz viagem, criando redemoinhos de sensações, ilustrando e colorindo com sopros, assovios, e os toques cintilantes do teclado. Boas pedidas em Down in the Yards, Rescue Ranger (cheio de referências da Björk), Lifted/Weak Arms (linda, linda, linda de morrer), Worker:
Cheio de sensibilidade, sutileza, detalhismo e um bom bocado de groove, funky e afrobeat, Omega La La é um dos destaques de dois mil e onze. Um deleite para os fãs da “Yes wave”, da positividade, do indie rock, do paz e amor pós-moderno e do classicismo reinventado.
Além é claro, de humor, amor, beleza e toda a alegria que faz dançar no tempo a primavera.
MARINA RIMA
marinarima@brrun.com
Foto: Divulgação