Foi semana passada que vi em alguma revista, a imagem de um de seus retratos. Uma mulher de óculos branco, estilo ray ban wayfare, que refletia o mundo em duas lentes. A boca semi aberta. Os fios das linhas bordadas lembravam pinceladas que dançavam em harmonia junto com os cabelos. Ela poderia ser qualquer amiga sua ou minha. Poderia ser eu ou você.
Vendo os outros retratos bordados por Daniel Kornrumpf, o meu amor pelo seu trabalho cresceu. Mais óculos, unhas vermelhas, aparelho fixo em uma japonesa fazendo pose, um casaco xadrez de inverno acompanhado de um gorro de pele, uma mulher fazendo pose com seu cachorro e outra tirando a própria foto. Com certeza, imagens vindas de desenhos ou fotos de Daniel. Instantes cotidianos, banais. Caras e bocas e poses de amigos. Pessoas queridas. Retratos da vida de do tempo que o artista vive. Que eu e você vivemos.
Não sei se foi aquele bordado no linho que me encantou por lembrar as pinceladas de Van Gogh, ou se foi pelas imagens retratadas. Mas tudo ali era muito vivo e intenso.
Ao ver as fotos dos bordados em tamanho real, foi como se a intensidade de tudo aquilo duplicasse. Eles devem ter em média de 20 a 15 cm, bordados no meio de um pedaço de linho de uns 80 x 80 cm, mais ou menos. De longe, são tímidos, guardados no centro de todo aquele tecido. Mas nos closes das fotos, percebe-se a quantidade de detalhes, sombras, luzes e trabalho em cima de cada um.
Para mim, são como segredos, histórias e memórias de pessoas queridas, guardadas dentro de cada ponto de linha, de cada retrato, dentro de um pedaço de linho.
Também me apaixonei pelas pinturas a óleo de Kornrumpf. A maioria das figuras estão sentadas, observando o espectador, esperando por um diálogo.
Algumas delas, são pintadas apenas em algumas partes, o que leva os olhos a percorrerem um “vazio” branco composto apenas por algumas linhas nas extremidades antes de chegarem no centro da tela, da mesma maneira que acontece com os bordados.
GIULIA BIANCHI
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Fotos: Divulgação
