Um passeio intergaláctico em dez faixas em tons de infinidade, despontando micro-vidas de luminosidade e criando um universo próprio, cheio de algo novo (não se assuste se de repente não reconhecer os termos) e próprio. Feito a Björk. Feito Biophilia. Feito para Translucidar.
A notícia viajou legal e veio direto da Islândia. Biophilia é o desjejum da Björk para 2011. Sem lançar discos desde Volta(2007), a premiada cantora-atriz-instrumentalista-vanguardista traz um LP cheio de tecnologia e especulação. Com o lançamento oficial previsto para meio de outubro, Biophilia foi todo produzido para interagir com o ouvinte. Todas as faixas do disco possuem um aplicativo para Ipad, além de jogos nos temas das canções, partituras e animações.
Tecnologia sempre foi temática para a Björk e neste disco não poderia ser diferente, o site oficial da cantora está no clima do universo-galáctico-sideral (lindo, por sinal) e um outro ponto interessantíssimo é a construção de um instrumento feito para o disco e a turnê. É o Gameleste. O teaser da contrução de toda essa loucura:
http://bjork.com/#/news/bj%C3%B6rk-gameleste
O disco é pirado. Universalismos à parte, o som lembra mesmo uma viagem às constelações mais próximas. Sutil, mas intenso. Simplório e cheio de complexidade. Tenso e calmo ao mesmo tempo. O LP é cheio de contrariedades, confusões e beleza. Tal qual a vida, tal qual ao mistério da criação e toda a criação. Escondida pelo manto de nuvens e estrelas e as distâncias de ano-luz.
O primeiro single foi lançado em Junho, Crystalline. O vídeo desse som é incrível. Não sei se essa impressão vem do uso da temática – que sempre encantou -, agora reforçada na visão da Björk, uma referência quase-clássica da música contemporânea ao meu ver, ou se é tudo mesmo genial. O que eu sei é que o clipe oficial você vê aqui:
O outro single já lançado também é o brilhante Vírus. No aplicativo para Ipad, o objetivo do jogo desta música é conter a infestação de um vírus nas células. E o curioso é que se você mata o vírus, a música para. Como vemos na letra da canção, há amor entre vírus e célula, e um precisa do outro para sobreviver, ocasionando assim a trilha dessa história e fazendo alusão a esse amor destrutivo.
E na lista das oficiais, também temos Moon, lançada oficialmente no último dia 23. O bizarro do vermelho marte em sua cabeça, uma espécie de harpa em sua barriga, uma composição confusa como as outras e uma ideia de renascimento muito bonita e simples. Um bom exemplo de como transformar algo aparentemente clichê em algo inédito, com sentidos inéditos e pluri-sensações.
No quesito densidade: Hollow – que já se tornou uma das minhas favoritas. Mais leve e cheia de graciosidade: Solstice. Mutual Core no instrumental menos chapado e no eletrônico mais pesado. Lindo, brilhante, intenso, completo. Universal.
Cheio de parafernália, beleza, subjetividade e gritos que vêm d’alma, a Björk trouxe em Biophilia novamente o encantamento e a magia à música – contemplando o que há de mais belo em todo o universo: o mistério do tudo.
MARINA RIMA
marinarima@brrun.com
Foto: Divulgação / Inez Van Lamsweerde and Vinoodh Matadin