Continuando a falar sobre meus achados artísticos pelas galerias de Chelsea, foi na Stricoff Fine Arte Gallery que encontrei uma das esculturas mais lindas que já vi. Era feita em bronze e um pouco maior que o tamanho real de uma mulher, ou pelo menos dava a impressão de ser, por conta de seu impacto visual e de sua força.
Tratava-se de uma dançarina com uma das pernas e os dois braços jogados para trás. O material era bruto, como se ela tivesse sido composta por pedaços aleatórios que por acaso se juntaram. Os blocos de metal disformes e toscos compunham uma imagem totalmente harmoniosa e leve. Era grito e ao mesmo tempo silêncio. Um peso que voava. Tinha linhas e formas tortas que gritavam e carregavam uma beleza sem nome.
Infelizmente, não era permitido fotografar e só consegui achar na internet as três fotos abaixo.
Dois detalhes da Manhattan Skydancer chamaram a minha atenção e que podem passar despercebidos nas fotos acima, ainda mais por elas não mostrarem uma visão de todos os ângulos – o que é essencial em uma escultura – . O primeiro deles foi uma espécie de coluna vertebral que saía junto com os “lenços” do corpo da modelo. Se você prestar atenção, ela está bem atrás da dançarina, com as espinhas para cima. A visão era de arrepiar!
O outro detalhe era que, de frente, era como se a modelo realmente estivesse com a cabeça para trás, mas quando você dava a volta nela, na verdade não tinha cabeça nenhuma ali. Foi construído somente o pescoço e a mandíbula, sendo um elemento surpresa na escultura. Era totalmente inesperado. Uma pena eu não ter uma foto para mostrar aqui!
Não pude deixar de lembrar das bailarinas de Degas, da Vitória de Samotrácia e das linhas nervosas dos desenhos de Egon Schiele.
Também pude ver outras duas dessas esculturas. Um touro e um pássaro, que foram o suficiente para que a artista Emma Rodgers virasse minha escultora preferida.
Segundo Rodgers, “não é somente interesse em animais, mas o desafio de capturar a natureza intrínseca do assunto, especialmente quando o movimento, flexibilidade e poder do animal está em causa.
A maioria deles é extremamente ágil. São capazes de distorcer massas compactas estendendo-as e assim, consigo o visual tenso de seus membros. Também me porporcionam linhas dramáticas a partir de suas estruturas ósseas. A grande sensação de peso pode ser atingida a partir das massas de carne, a mola de tensão e força dos músculos e os vincos e dobras da pele. É assim que consigo uma grande variedade de expressões para trabalhar a partir de um animal.”
GIULIA BIANCHI
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Fotos: Divulgação